O Lado Oculto da Diversificação Os Riscos Inesperados Que Podem Custar Caro

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Ah, a diversificação! Parece a palavra mágica que nos promete sono tranquilo e um futuro financeiro seguro, não é? Quem nunca ouviu o mantra “não coloque todos os ovos na mesma cesta”?

Por muito tempo, eu mesmo acreditei piamente que, ao espalhar meus investimentos por diferentes setores e classes de ativos, estaria imune a qualquer turbulência.

Na teoria, é lindo; na prática, descobri que a diversificação, apesar de ser uma ferramenta poderosa, esconde armadilhas traiçoeiras que poucos realmente entendem.

Vivemos em tempos onde a economia global se mostra mais interligada e volátil do que nunca. A inflação que corroeu o poder de compra, as taxas de juros que flutuam sem aviso e as crises geopolíticas que balançam mercados inteiros nos lembram que a segurança é uma ilusão se não olharmos além do óbvio.

Uma diversificação mal pensada pode, ironicamente, diluir seus retornos ou, pior, expor você a riscos que nem imaginava existir, como correlações ocultas entre ativos aparentemente distintos, que se desintegram justamente quando você mais precisa.

É como ter um guarda-chuva, mas descobrir que ele está cheio de furinhos só na hora da tempestade. Minha experiência me mostrou que o segredo não é apenas diversificar, mas diversificar com inteligência, compreendendo os perigos que se escondem por trás da aparente segurança e o impacto de eventos globais inesperados nas carteiras de investimento.

Abaixo, vamos explorar em detalhes os riscos que se camuflam na estratégia da diversificação e como você pode realmente proteger seu patrimônio!

A Miragem da Diversificação Superficial: Correlações que Enganam

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Ah, como é sedutora a ideia de que “ter um pouco de tudo” nos protege de qualquer intempérie! No início da minha jornada, mergulhei de cabeça na diversificação, acreditando que bastava comprar ações de várias empresas, alguns fundos imobiliários e talvez um pouco de renda fixa. Era a receita de bolo que todo mundo falava. Mas, com o tempo, e para minha surpresa (e um certo desgosto, confesso), descobri que muitos dos ativos que eu achava serem independentes dançavam a mesma melodia em tempos de crise. É como ter vários guarda-chuvas de cores diferentes, mas todos feitos do mesmo material que rasga na primeira rajada de vento forte. A grande questão é que a diversificação real vai muito além da simples adição de diferentes nomes de empresas ou fundos à sua carteira. Ela exige um olhar atento às correlações intrínsecas e muitas vezes ocultas entre eles, especialmente quando o pânico se instala no mercado.

1. O Perigo das Correlações Ocultas em Tempos de Crise

Lembro-me bem de uma crise específica, onde o mercado de ações despencou. O que me chocou foi ver que, enquanto minhas ações caíam, meus fundos imobiliários, que eu considerava um porto seguro e “descorrelacionado”, também sofriam perdas significativas. Naquele momento, a ficha caiu: em situações de estresse extremo, a maioria dos ativos tende a se mover na mesma direção, impulsionados pelo sentimento de aversão ao risco generalizado. Aquela crença de que “se um cai, o outro sobe ou se mantém” se desfaz. Isso acontece porque, por trás de classes de ativos aparentemente distintas, existem fatores macroeconômicos subjacentes – como taxas de juros, inflação ou recessão – que os afetam de forma semelhante. É crucial entender que a correlação pode mudar drasticamente. O que parecia não se correlacionar em tempos de bonança, pode se tornar altamente correlacionado quando o mercado está em turbulência. Minha maior lição foi aprender a olhar para as correlações em diferentes cenários econômicos, e não apenas nos períodos de calmaria.

2. O Risco de Concentração Velada por Trás da Aparência de Diversificação

Outra armadilha sorrateira que eu mesma caí foi a concentração velada. Você compra ações de várias empresas, de diferentes setores, e pensa: “Estou diversificado!”. Mas, ao analisar mais a fundo, percebe que muitas dessas empresas dependem da mesma cadeia de suprimentos, do mesmo mercado consumidor ou são sensíveis às mesmas commodities. Ou, ainda, estão todas listadas na mesma bolsa de valores, sob a mesma regulamentação e influenciadas pelos mesmos eventos políticos ou econômicos do país. Por exemplo, em Portugal, ter ações de vários bancos e construtoras pode parecer diversificado, mas se a economia do país desacelera, ou se o Banco Central Europeu muda as taxas de juros drasticamente, todos eles sentirão o impacto de forma muito similar. É uma ilusão de ótica que, em vez de espalhar o risco, apenas o concentra em um ponto cego que você não conseguiu identificar de primeira. A verdadeira diversificação exige uma análise profunda dos riscos subjacentes, e não apenas dos nomes ou setores aparentes.

Os Custos Ocultos e a Diluição da Performance: Quando Mais Significa Menos

Quando comecei a mergulhar no mundo dos investimentos, a ideia de adicionar cada vez mais ativos à minha carteira parecia a chave para a segurança e o sucesso. Cada novo investimento era como adicionar mais uma camada de proteção. No entanto, rapidamente percebi que a diversificação excessiva não só pode diluir os seus retornos, como também pode introduzir uma série de custos e complexidades que, paradoxalmente, acabam por minar a sua performance. É como tentar cozinhar um prato adicionando tantos ingredientes diferentes que ele perde completamente o sabor original e se torna uma confusão sem graça. A gestão de uma carteira excessivamente diversificada torna-se um desafio, consumindo tempo, energia e, o mais importante, dinheiro em taxas e impostos que corroem os seus ganhos potenciais.

1. O Efeito Erosivo das Taxas e Impostos na Hiper-Diversificação

A cada novo ativo que eu adicionava, vinha um custo. Taxas de corretagem, taxas de gestão de fundos, impostos sobre dividendos e mais-valias… no início, pareciam pequenos, mas quando multiplicados por dezenas de posições, o impacto cumulativo era assustador. Uma das grandes revelações para mim foi quando fiz as contas e percebi o quanto estava perdendo em taxas de gestão de fundos que replicavam índices, ou em corretagens por transacionar ativos em mercados diferentes. Cada pequena percentagem pode parecer insignificante isoladamente, mas ao longo dos anos, elas consomem uma parte considerável dos seus retornos. A super-diversificação pode levar a uma duplicação desnecessária de posições, onde você paga para ter exposição a algo que já tinha de outra forma, apenas com uma embalagem diferente. Isso é particularmente verdadeiro em fundos de fundos ou ao comprar vários ETFs que seguem índices similares, onde você acaba pagando múltiplas camadas de taxas sem adicionar valor real à sua estratégia de risco.

2. A Paralisia da Análise e a Perda de Foco

Com uma carteira cheia de diferentes investimentos, veio a paralisia. Havia tantos ativos para monitorizar, tantas notícias para acompanhar e tantas decisões a tomar que eu me sentia sobrecarregada. Em vez de me permitir focar nos investimentos que realmente tinham potencial, eu estava espalhada demais, com pouca energia para aprofundar a análise de qualquer um deles. O resultado? Muitas vezes, perdia oportunidades porque não tinha tempo para estudá-las a fundo, ou tomava decisões tardias porque estava indecisa com a quantidade de informações. A diversificação inteligente não significa ter o máximo de ativos possível, mas sim ter os ativos certos, em proporções que façam sentido e que você consiga acompanhar com dedicação. Menos, neste caso, pode realmente significar mais, permitindo que você se torne um especialista em suas próprias escolhas e reaja de forma mais ágil às mudanças do mercado.

A Armadilha Geográfica e a Ilusão de Segurança Global

Quando comecei a pensar em diversificação geográfica, a ideia era simples: investir em diferentes países para não depender apenas da economia de Portugal ou do Brasil. Parecia lógico, uma proteção contra as flutuações locais. No entanto, a realidade me mostrou que, embora a diversificação geográfica seja essencial, ela carrega suas próprias armadilhas, muitas vezes ocultas por trás da aparente “globalização” dos mercados. É como acreditar que, ao ter bens em diferentes cidades, você está completamente seguro, mas não percebe que todas essas cidades estão em uma região sísmica. O que eu subestimei foi o quão interligadas as economias globais se tornaram, e como um evento em um canto do mundo pode reverberar por todos os lados, desmistificando a ideia de que um país está completamente isolado dos outros.

1. A Interdependência Global e o Contágio Econômico

Minha experiência pessoal com a crise financeira de 2008 foi um choque de realidade sobre a interdependência global. Eu tinha investimentos em mercados europeus, americanos e até asiáticos, pensando que estava a salvo. Mas quando a bolha imobiliária nos EUA estourou, o efeito dominó foi global, atingindo todos os meus investimentos, independentemente da geografia. Descobri que, embora as economias possam ter ciclos diferentes, crises sistêmicas tendem a se espalhar como um incêndio. A globalização, embora traga muitas vantagens, também significa que os mercados financeiros estão mais interligados do que nunca, e um problema em um lugar pode rapidamente contaminar outros. Não basta investir em “países diferentes”; é preciso entender a profundidade das relações comerciais, políticas e financeiras entre eles e como um choque em um elo da cadeia pode desestabilizar todo o sistema.

2. O Risco Cambial e a Volatilidade Não Controlada

Além da interdependência econômica, a diversificação geográfica introduz um elemento de risco que muitas vezes é subestimado: o risco cambial. Eu investi em ações de empresas listadas na Bolsa de Nova Iorque, por exemplo, esperando retornos em dólares. O que eu não considerei a fundo, na época, era que a valorização ou desvalorização do euro em relação ao dólar impactaria diretamente o valor dos meus investimentos quando convertidos de volta para a minha moeda local. Um investimento que pareceu lucrativo em termos de percentagem de ganho na moeda estrangeira pode se tornar menos interessante, ou até negativo, se a sua moeda doméstica se fortalecer significativamente. Da mesma forma, uma desvalorização inesperada da moeda onde o investimento está pode corroer os seus ganhos. É um fator que adiciona uma camada extra de complexidade e volatilidade à carteira, e que exige uma análise contínua das tendências cambiais e das políticas monetárias dos bancos centrais.

A Diluição dos Ganhos e a Perda de Potencial de Crescimento

No meu início como investidora, a ideia de que a diversificação era puramente sobre “mitigar riscos” dominava minha mente. E, de certa forma, é verdade. Mas o que eu demorei para entender é que, ao mitigar *todos* os riscos de forma indiscriminada, você também pode acabar mitigando *todos* os seus potenciais de ganho. É como regar um jardim inteiro com a mesma quantidade de água, sem perceber que algumas plantas precisam de mais e outras de menos, e que algumas delas têm o potencial de dar frutos muito maiores do que outras. Acaba-se com um jardim mediano, onde nenhuma planta se destaca verdadeiramente. A diversificação, quando mal aplicada, transforma sua carteira em um “Frankenstein” de investimentos que, embora possa oferecer uma ilusão de segurança, raramente proporciona o tipo de retorno que realmente move o ponteiro para o futuro.

1. O Problema da Performance Média e a Ausência de “Cavalos Vencedores”

Uma das maiores frustrações que eu senti, ao longo dos anos, foi ver que, enquanto algumas das minhas escolhas de investimento individuais disparavam, a performance geral da minha carteira permanecia morna. Isso acontecia porque os ganhos significativos de um ou dois “cavalos vencedores” eram diluídos pela performance medíocre ou negativa de dezenas de outros ativos. A verdade é que a diversificação excessiva, sem um foco claro nos investimentos de maior convicção, pode levar a uma carteira que sempre se aproxima da média do mercado, nunca superando-o de forma consistente. Acredito que o objetivo não deve ser apenas “não perder muito”, mas sim “ganhar o suficiente para alcançar seus objetivos”. E para isso, é preciso dar espaço para que os seus melhores investimentos realmente impulsionem a carteira, sem serem sufocados por um emaranhado de posições redundantes ou de baixo potencial.

2. A Dificuldade de Avaliar e Ajustar Estratégias

Com muitos ativos na carteira, torna-se incrivelmente difícil avaliar qual estratégia está funcionando e qual não está. É como tentar entender o desempenho de um time de futebol com vinte e cinco jogadores em campo ao mesmo tempo: é quase impossível identificar quem realmente está contribuindo e quem está apenas ocupando espaço. A diversificação excessiva obscurece a clareza sobre quais de suas teses de investimento estão se provando corretas ou incorretas. Isso dificulta os ajustes necessários, a rebalanceamento e a otimização da carteira. Em vez de aprender com cada investimento e refinar minha abordagem, eu me via perdida em um mar de dados e decisões. Uma carteira mais concisa, mas ainda assim diversificada de forma inteligente, permite uma avaliação muito mais eficaz, tornando mais fácil identificar o que funciona e o que precisa ser ajustado.

A Desconsideração da Inflação e o Poder de Compra

Em minhas primeiras incursões no mundo financeiro, a palavra “inflação” parecia algo distante, um conceito econômico que raramente batia à minha porta de forma palpável. Minha preocupação maior era não perder dinheiro nominalmente. Mas com o tempo, especialmente nos últimos anos em Portugal e no Brasil, eu senti na pele o que é ter meu dinheiro valendo menos a cada dia que passa. A inflação não é apenas um número no jornal; ela é a razão pela qual o café que você comprava por um euro hoje custa um euro e vinte, e a razão pela qual aquela poupança no banco, que parece estar crescendo, na verdade está perdendo valor real. A diversificação, se não for pensada com a inflação em mente, pode se tornar uma armadilha, protegendo você de perdas nominais, mas te condenando a uma perda constante do poder de compra.

1. O Engano das Rentabilidades Nominais

Lembro-me de ter investimentos em produtos de renda fixa que ofereciam uma “boa rentabilidade” de 3% ao ano. Naquela época, eu me sentia segura, pois via o saldo crescer. O problema? A inflação estava a 5% ou 6% anualmente. Isso significava que, na prática, eu estava perdendo 2% ou 3% do meu poder de compra a cada ano, mesmo vendo o número na minha conta subir. A ilusão de “ganhar dinheiro” esconde a corrosão silenciosa da inflação. A diversificação precisa incluir ativos que historicamente se comportam bem em ambientes inflacionários, como ações de empresas que conseguem repassar custos para os consumidores, imóveis em áreas valorizadas ou até mesmo commodities. Focar apenas em ativos de baixa volatilidade e retorno nominal sem considerar a inflação é uma receita para empobrecer lentamente, sem perceber.

2. A Necessidade de Ativos Protetores de Inflação na Carteira

Foi uma lição cara, mas fundamental: sua carteira precisa ter ativos que atuem como um escudo contra a inflação. Isso não significa que você precise se expor a riscos exorbitantes, mas sim entender o papel de cada investimento. Por exemplo, em vez de focar apenas em títulos de dívida que pagam juros fixos abaixo da inflação, considerar títulos indexados à inflação (como os Tesouro Direto IPCA+ no Brasil, ou alguns tipos de obrigações em Portugal) pode ser uma estratégia inteligente. Outro ponto crucial é investir em empresas com forte poder de precificação, que podem aumentar seus preços sem perder clientes, protegendo suas margens em tempos de inflação. Minha carteira hoje busca um equilíbrio entre crescimento e proteção do poder de compra, uma diversificação que não se limita a diferentes tipos de ativos, mas também à forma como esses ativos se comportam sob diferentes regimes econômicos, especialmente em relação à inflação. Sem essa camada de proteção, a diversificação se torna um mero espelho, refletindo uma segurança que não existe.

Aspecto da Diversificação Diversificação Superficial (Armadilha) Diversificação Inteligente (Estratégia)
Foco Principal Adicionar muitos ativos aleatoriamente. Adicionar ativos com baixa correlação em diferentes cenários econômicos.
Análise de Risco Apenas o risco individual de cada ativo. Riscos sistêmicos, correlações ocultas e fatores macroeconômicos.
Custo-Benefício Altos custos de transação e gestão, diluição de retornos. Otimização de custos, foco em ativos de alta convicção.
Compreensão da Carteira Difícil de monitorizar e ajustar, falta de clareza. Fácil de monitorizar, ajustes proativos baseados em análise profunda.
Proteção contra Inflação Ignorada ou subestimada, perda de poder de compra. Inclui ativos com capacidade de proteção ou indexação à inflação.
Potencial de Retorno Média do mercado, dificilmente supera. Potencial de superação através de escolhas estratégicas.

O Preço da Liquidez e a Acessibilidade Ilusória

Em minhas primeiras análises sobre diversificação, eu costumava dar uma importância desmedida à liquidez, ou seja, à facilidade de converter um investimento em dinheiro rapidamente. A ideia era ter sempre acesso ao meu capital, caso surgisse uma emergência ou uma oportunidade. E, claro, a liquidez é fundamental em muitas situações. No entanto, o que eu não percebia é que nem todo ativo “líquido” é realmente acessível quando você mais precisa, e que a busca excessiva por liquidez pode, na verdade, limitar seus retornos a longo prazo. É como ter todo o seu dinheiro em notas de pequeno valor, fácil de usar, mas que se desvalorizam rapidamente, enquanto os ativos de maior valor, que exigem um pouco mais de tempo para serem acessados, são os que realmente mantêm seu poder de compra. A diversificação deve considerar o equilíbrio entre liquidez e retorno, e não apenas a primeira.

1. O Mito da Liquidez Garantida em Cenários Adversos

Experimentei em primeira mão o que acontece quando o mercado entra em pânico. Tinha ações de empresas aparentemente líquidas, que podia vender a qualquer momento, certo? Na teoria, sim. Na prática, quando todos querem vender ao mesmo tempo, os preços desabam e a “liquidez” se transforma em uma venda forçada a preços irrisórios. O que parecia fácil de vender se torna uma decisão dolorosa de vender com prejuízo para não perder ainda mais. Isso é particularmente verdadeiro em mercados menos desenvolvidos ou em ativos muito específicos, onde o volume de negociação é baixo. A diversificação inteligente me ensinou que não basta um ativo ser listado em bolsa para ser líquido em qualquer condição; é preciso que haja demanda constante por ele, mesmo em tempos de crise. E, mais importante, é preciso ter uma reserva de emergência separada dos investimentos para não ser forçado a vender ativos valiosos em momentos de baixa.

2. O Equilíbrio entre Retorno e Acessibilidade em Diferentes Prazos

A obsessão pela liquidez pode levar a uma carteira dominada por investimentos de baixo risco e baixo retorno, como poupança ou fundos de liquidez diária. Embora esses sejam essenciais para as suas reservas de emergência, eles raramente oferecem os retornos necessários para construir um patrimônio significativo a longo prazo, especialmente quando consideramos a inflação. Minha abordagem mudou drasticamente: comecei a diversificar meus investimentos não apenas por classe de ativo, mas também por prazo de resgate e liquidez. Uma parte do meu capital está em investimentos de curtíssimo prazo e alta liquidez para emergências; outra parte em investimentos de médio prazo com liquidez razoável e bom potencial de retorno; e a maior parte em investimentos de longo prazo, com menor liquidez mas maior potencial de crescimento, como imóveis ou ações de empresas que exigem paciência. É um equilíbrio delicado, que considera as minhas necessidades futuras e o meu perfil de risco, garantindo que não estou sacrificando crescimento por uma liquidez que, em alguns cenários, pode ser ilusória.

Para Finalizar

Então, chegamos ao fim da nossa conversa sobre a diversificação. O que eu aprendi, por vezes da forma mais difícil, é que ela não é um escudo mágico que protege de tudo. É uma ferramenta poderosa, sim, mas que exige inteligência, conhecimento e, acima de tudo, um entendimento profundo do que realmente se está a fazer. Não se trata de ter um pouco de tudo, mas de ter o essencial, com propósito e consciência. A sua jornada financeira merece uma diversificação que realmente trabalhe para si, e não contra, construindo um futuro financeiro mais sólido e tranquilo.

Informações Úteis

1. Estude as correlações dos seus ativos, não apenas em tempos de bonança, mas principalmente em cenários de stress do mercado. O que parece descorrelacionado pode não ser.

2. Analise a fundo a concentração velada. Mesmo com muitos nomes na carteira, pode estar exposto aos mesmos riscos subjacentes ou geográficos.

3. Não ignore a inflação. Inclua ativos que protejam o seu poder de compra a longo prazo, como ações de empresas robustas ou ativos indexados à inflação.

4. Equilibre liquidez com potencial de retorno. Uma reserva de emergência é essencial, mas o crescimento patrimonial exige investimentos com prazos e riscos adequados.

5. Revise periodicamente a sua carteira e ajuste-a às suas metas. A diversificação inteligente é um processo contínuo de aprendizagem e adaptação.

Pontos Chave

A diversificação inteligente vai além da quantidade, focando na qualidade e na compreensão profunda dos seus investimentos.

Evite armadilhas como correlações ocultas, custos excessivos e a desconsideração da inflação, que podem minar os seus retornos.

Busque um equilíbrio entre liquidez, crescimento e proteção, sempre alinhado aos seus objetivos financeiros e ao cenário macroeconômico.

Perguntas Frequentes (FAQ) 📖

P: Você mencionou ‘correlações ocultas’. Poderia explicar melhor o que são e por que são tão traiçoeiras, especialmente para nós, investidores comuns?

R: Ah, as correlações ocultas… Essa é uma das armadilhas mais sutis e que mais me pegou de surpresa no passado! Imagine que você tem ações de uma empresa de tecnologia e também investe em imóveis.
Em condições normais, parecem completamente diferentes, certo? A lógica diria que se um cai, o outro pode subir ou se manter estável. Mas o que a gente vê em crises é que, de repente, tudo desaba junto!
Lembro bem da crise de 2008 ou, mais recentemente, da pandemia… De repente, parecia que não havia para onde correr, tudo perdia valor ao mesmo tempo.
É como se ativos que pareciam andar por caminhos separados, na hora do aperto, revelassem que estão amarrados pelo mesmo nó invisível do pânico ou de uma mudança sistêmica maior.
Não é a diversificação por si só que falha, mas a crença de que a descorrelação entre ativos é permanente. Por isso, olhar o histórico é importante, mas entender o porquê de eles se moverem juntos em certas situações – seja por alavancagem comum, liquidez, ou simplesmente o medo generalizado – é crucial.

P: Dada a volatilidade que você descreveu – inflação, juros, geopolítica – como podemos realmente ‘diversificar com inteligência’ para proteger nosso patrimônio sem cair nas armadilhas que você mencionou?

R: Essa é a pergunta de ouro, e a resposta não é uma fórmula mágica, mas uma mudança de mentalidade. Primeiro, pare de pensar apenas em ‘setores’ ou ‘classes de ativos’ isolados.
O mundo está conectado. Minha lição mais valiosa foi entender que diversificar demais em coisas que são afetadas pelos mesmos fatores macro pode ser tão ruim quanto não diversificar.
O segredo é buscar ativos que, de fato, se comportem de forma diferente em cenários distintos. Por exemplo, enquanto ações e imóveis podem sofrer com juros altos, um investimento em renda fixa atrelada à inflação (como os títulos IPCA+ aqui no Brasil, ou algo similar em Portugal/Europa) pode se valorizar.
Outra coisa: geograficamente, não é só colocar um pouco em cada continente, mas entender os riscos políticos e econômicos de cada região. Às vezes, ter uma parte do seu capital em ouro ou até mesmo em moedas fortes, como o dólar, pode ser uma âncora, mesmo que pareça ‘chato’.
Não se trata de ter 50 tipos de investimento, mas de ter 5 que realmente protejam uns aos outros em diferentes cenários de estresse. É como montar um time de futebol: você não quer só atacantes, precisa de zagueiros e meio-campistas para ter equilíbrio.
Isso exige estudo e, muitas vezes, humildade para admitir que você não sabe tudo e buscar ajuda de quem entende de verdade.

P: Você usou a analogia do ‘guarda-chuva furado’. Poderia compartilhar um exemplo real, talvez da sua própria experiência ou de algo que observou de perto, onde a diversificação falhou e o que se poderia ter feito diferente?

R: Claro, e essa é uma lição dolorosa que muitos, inclusive eu, aprenderam na pele. Lembro-me de um período em que estava muito focado no crescimento. Minha carteira era diversificada, sim, mas de uma forma que hoje vejo como ‘diversificação de fachada’.
Tinha ações de empresas de tecnologia, algumas startups promissoras, fundos imobiliários e até um pouco de criptomoedas – tudo parecia diferente, não é?
O problema é que, no fundo, todos esses ativos eram sensíveis a um mesmo macro-cenário de juros baixos, liquidez abundante e otimismo de crescimento. Quando a inflação começou a apertar, os juros subiram e o ‘apetite por risco’ diminuiu globalmente, tudo começou a cair.
Ações de tecnologia apanharam, o valor de alguns imóveis caiu com o custo de financiamento, e as criptos, que eu ingenuamente achava que eram totalmente ‘descorrelacionadas’, foram junto no movimento de aversão ao risco.
Meu ‘guarda-chuva’ tinha furinhos, sim, mas todos no mesmo lugar, afetados pela mesma chuva! O que eu faria diferente? Primeiro, teria olhado não apenas a diversidade dos nomes, mas a diversidade das sensibilidades.
Teria incluído ativos que se beneficiam ou, ao menos, se protegem em cenários de juros altos e inflação, como os já mencionados títulos atrelados à inflação ou até commodities.
E, acima de tudo, teria mantido uma parte do capital em algo realmente líquido e seguro para aproveitar as ‘liquidações’ quando o pânico bate, em vez de ser pego de surpresa.
É sobre construir resiliência, não só variedade.